quarta-feira, 11 de setembro de 2013

fragmentos # 4

Um trovão é ouvido.
Alguém bate na porta. 
Ouve-se também o ruído do portão velho ranger ao abrir para alguém entrar.
O medo vem acompanhado. O medo nunca anda sozinho.
O trovão rasga o céu, e faz tremer a alma.

A voz pede para deixar entrar a pessoa que se posta diante da porta fechada.
A porta está fechada, mas o medo entra mesmo assim.
Não existe porta fechada, tranca ou cadeado capaz de deter o medo.
O coração está acelerado, batendo no ritmo do vento lá de fora.
A respiração está ofegante.
Todo o corpo dói e sente a ausência.
Todo o corpo dói e anseia pela sua presença.
Alguém ainda bate na porta. A cada batida a dúvida fica mais forte, mais presente, quase palpável.
O medo e a dúvida, agora confortavelmente instalados, ditam os movimentos aqui dentro.
Mãos trêmulas de medo se atrevem a tocar a fechadura e destrancar a porta, mas a dúvida corre na frente e garante que mudem de ideia.
O trovão corta o céu e faz ensurdecer o coração.
Um grito calado pega carona no barulho do trovão e ecoa, se estende por quilômetros alma adentro.
Alguém continua a bater na porta.
O medo sussurra, mas a dúvida grita.
Medo de abrir a porta e se arrepender.
Medo de não abrir a porta e, ainda assim, sofrer.
O medo, entenda, jamais anda sozinho.

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