sexta-feira, 31 de outubro de 2014

packing

Tudo foi difícil naquele período.
Foi um período de dor, de reconhecimento, de introspecção, de gritos, lágrimas, agonia, revoltas internas... 
Houve muitos entraves, muita raiva, muito ressentimento.
Tudo acontecendo num sincronismo mórbido, assustador e doentio.
Dá pra imaginar que foi muito difícil lidar com tudo isso.
Mas o mais difícil mesmo foi empacotar toda a minha vida e fazer caber em algumas caixas.
Não sei ao certo porque foi tão difícil... 
Pensar que eu tinha vivido 31 anos e a minha vida toda cabia em algumas caixas...
Ou pensar que eu precisava fazer meus 31 anos de vida caber em algumas poucas caixas.
Os dois pensamentos eram verdadeiros... e ainda são.

Hoje, 4 anos depois, tive me desfazer de muitas coisas.
Até pouco tempo atrás havia caixas que eu não tinha nem aberto.
Joguei fora coisas inúteis, porque sempre acumulamos algumas coisas imprestáveis.
E tive de me desfazer de coisas que me eram muito queridas, pelo simples fato de não haver espaço para elas.
Nossa vida muda, realocamos coisas, adquirimos novas, e precisamos nos livrar de outras tantas.
Bom mesmo é ser livre, e não ter a vida empacotada em caixa alguma.
Às vezes penso que felizes são os que só tem a roupa do corpo por posse.
Assim, quando a vida deste mudar, ele não vai precisar empacotar nada, ou se livrar de nada, não vai precisar perder tempo pensando em onde colocar os pedaços de sua caminhada, porque tudo o que tem cabe em suas mãos e assim, livre, pode ir em direção ao seu destino.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

fortaleza

Dois inimigos estavam preparando-se para uma grande batalha.
Guerreariam até a morte ou rendição do outro.
Estavam apostando tudo nessa guerra.
Armaram-se dos seus melhores argumentos, selecionaram o campo de batalha, e usaram toda a artilharia pesada de sua consciência para garantir a vitória.
Nem mesmo sabiam porque estavam em guerra, mas essas coisas não se perguntam.
Se alguém lhe declara guerra você simplesmente - para não ser covarde - aceita.
Entraram de cabeça e alma.
Era tudo ou nada.
Desconhecendo as razões, permitiram que alguém os esclarecesse os motivos pelos quais iriam duelar até a morte.
...

Dois estranhos aguardavam a chegada de alguém.
Sentaram-se lado a lado no mesmo banco, em uma praça ou parque qualquer.
Folhas de outono cobriam todo o gramado.
Enquanto aguardavam, um deles sorriu para o outro, o que foi a porta para um diálogo.
Rapidamente encontraram assuntos em comum.
Ambos estava aguardando alguém, que lhes traria notícias que mudariam suas vidas para sempre.
Ambos tinham de enfrentar um inimigo.
Ambos não sabiam o real motivo pelo qual estavam em guerra.
Após muito conversar, decidiram que queriam manter contato após a batalha, caso fossem bem sucedidos, pois se agradaram da companhia do outro.
De repente o portador de todas as notícias chegou, e espantou-se ao observar que os inimigos mortais conversavam amigavelmente.
"Não podem ser amigos! Vocês são inimigos mortais e a batalha está prestes a começar" - bravejou o homem.
Ao que os dois homens, já não mais estranhos de si mesmos, o lançaram um olhar de frieza e desprezo.
Deram as mãos e fizeram as pazes antes mesmo de guerrear.


half truth

The act of deceiving someone is so laborious. I can't understand how there are people who invest their time in it. 
It takes a lot of work to deceive someone, and even more work to maintain the lie that is created. 
Telling the truth has always been and always will be easier and lighter way of living your life.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

you... J

I was feeling like crap... and then you came and made me smile...
and then you came and changed my mood...
And I don't even know if you know what you've done.
This smile on my face? It's all your fault.

o'clock

Don't make me wait for you...
I hate waiting.
You never wait for me, so why should I wait for you?

same old # 2

Once I've read somewhere that there's nothing better than an old enemy, because he knows you very well, so you can always find yourself - in case you've lost your way back to your true self - because the old enemy is gonna show how you were so you can remember the person you really are, free from all the weight that glory and victory or failure can bring over you.

I deeply disagree with that. Cuz I'm fighting an old enemy right now. One of my oldest enemy is the insecurity, and the second one is distrust. I have serious trust issues. 

I'm tempted to think that is not my fault, because I've been cheated so many times, and hurt and I've heard so many lies that now it's really difficult for me to trust someone.

I mean... how can I know that you are telling the truth?
What if you are lying to me like everybody else did?
All the others have lied to me, why would you be different?
Why with you everything would be different?
Should I just lower my shields and let you defeat me?
I'm feeling very vulnerable, and I hate this feeling.

So, there's nothing fun or comfortable about old enemies.
Just because they know you very well they can finish you with only one blow.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

irremediável

Não há como se esconder...
A luz brilha nas trevas.

pequeno chapéu vermelho

Caminhamos por florestas escuras, fugindo de um mal que não conhecíamos.
Subimos encostas de montanhas, molhamos nossos pés nas águas cristalinas de riachos que pareciam cantar uma música bonita e triste.
Noites longas, dias curtos...
O medo nos farejava, parecia até que éramos a caça de todos as angústias.
Eu precisava fazê-la chegar lá a qualquer custo.
"Onde é lá?" - ela me perguntou.
Ao que senti meu coração rachar e despedaçar ao som de sua doce e inocente voz.
Nem eu estava certa de onde era o lá que tanto estávamos buscando encontrar.
Apenas seguimos.
Me machuquei para que ela não se machucasse.
Me atirei no chão e a fiz pisar minhas costas, para que ela não afundasse nas lamas da dúvida e desejo.
Andei errante, com a certeza de que ela chegaria onde nem eu sabia chegar.
Ao mesmo tempo em que a protegia, eu a fazia companhia...
E ela era minha mais doce canção.
Seu sorriso iluminava as noites escuras em que a lua resolvia se esconder também.
Até que finalmente, do vale avistamos a casa grande. Nossa última parada antes que ela pudesse seguir sozinha seu destino.
Ela estava apavorada, não queria largar a minha mão.
Me abraçou chorando dizendo que queria desistir. Mas eu não a podia acompanhar, e também não podia deixar que ela parasse.
Então, prometi que eu estaria sempre ali, para quando ela voltasse.
Todos na casa estavam apreensivos. O tempo determinado estava chegando.
Seu destinho finalmente se aproximava, e ela o temia por não saber o que haveria de vir.
Nós sempre tememos o que não sabemos...
Então a fada que a levaria até o portal apareceu, estampando um sorriso nervoso na face.
Sorria para não gritar de medo.
Me perguntei quantas foram as vezes em que eu sorri para não gritar de medo.
Ela chorava uma lágrima que não escorria rosto abaixo, estava presa bem debaixo dos seus olhos, grudada aos seus cílios.
A fada, bondosa que era, pediu que ela se aproximasse da janela, pois as fadas da floresta lhe haviam preparado uma surpresa.
A janela da casa grande era imensa e toda de vidro.
Através dela podíamos avistar todo o vale verdejante.
Era noite, mas do chão subiam luzes coloridas, que faziam um lindo espetáculo ao olhar de qualquer espectador. 

Era como a aurora boreal, vinda da terra, movendo por sobre a vegetação, e fazendo tremular todas as flores e arrepiar nossa alma.
Enquanto ela sorria assistindo a seu lindo presente da janela, eu fui transportada, e de repente já não estava mais ao lado dela.
Eu estava lá embaixo no vale, e ele estava ao meu lado.
Uivava raivoso e vitorioso.
A bruxa também estava lá e o fazia companhia.
Todas as fadas vieram voando para tentar convencê-lo de que não era ela que estava lá.
E ele apenas respondeu que fora atraído pela luz.
Caminhava determinado... nem depressa nem lento, apenas passos firmes, determinados, enterrando seus pés no chão.
Nada o podia impedir.
Eu bem que tentei, mas ele riu de minha inútil tentativa de fazê-lo parar.
Uivava, passos firmes... e a cada passo, ia transformando-se em homem.
Perdeu a pelagem escura... ganhou roupas elegantes.
E andava como se ninguém estivesse ali.
Estava focado, obstinado.
Seu destino: a casa grande, onde ela estava.
A luz o atraíra... Esse pensamento me fez odiar as fadas por um momento.
Elas haviam denunciado nossa posição, e agora nossa pequena estava em perigo.
Segui o lobo o quanto eu pude.
Agora já homem, ele entrou sem bater pela porta da frente.
Não pediu permissão, não se apresentou, pois era desnecessário.
Todos sabiam quem ele era e o que viera fazer ali.
Podia-se ouvir apenas o som da respiração nervosa de todos na sala.
Alguém quebrou o silêncio... A pequena estava descendo as escadas, e iria encontrar o lobo na sala.
Alguém disse que o lobo não seria capaz de enganá-la, pois ela gostava de música, e ele não tinha como tocá-la.
Um sorriso tenebroso se abriu no seu rosto maléfico, quando do bolso ele tirou um violão.
Rindo sarcástico, ele perguntou: "ela prefere violão ou algo mais clássico?", e o instrumento agora já não era mais aquilo e sim um saxofone. 
Eu estava amedrontada, desesperada, queria fugir dali, fugir daquele momento e pular para o final feliz da estória.
Ela chegou na sala...
Seus olhos inocentes me fizeram chorar...
Lançou-me um olhar cortante, e tudo ao meu redor girou.
Foi quando eu me dei conta de que na verdade, ela era eu.
E percebi que o mal viera ao meu encontro, buscando me enganar.
Ele estava ali, na minha frente, segurando a música que eu esperava ouvir.
E ele viera atraído pela luz que há em mim.
E uma sensação eletrizante tomou conta de todos os meus sentidos.
Eu estava face a face com o mal que me perseguia.
Só então me dei conta de que não adiantava me esconder.
Porque enquanto houvesse luz em mim, ele viria ao meu encontro para me destruir.
E eu não quero que minha luz se apague...

terça-feira, 21 de outubro de 2014

antecipação

Hoje me deram uma agenda nova, do ano que ainda nem começou.
Vejo 365 possibilidades, de inspiração que ainda não me aconteceu.
Oportunidades que vão bater à minha porta, sonhos que vão pousar na janela do meu coração e entoar canções de esperança...

mergulho

Antes que eu te escolhesse, meu coração já tinha te escolhido.
Antes que eu te conhecesse, meu coração já tinha te querido.
Antes mesmo que eu pudesse ser tocada por você, meu coração já tinha sido tocado.
Eu não tive escolha...

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

teaching

Eu tenho ensinado tantas coisas para tantas pessoas nessa caminhada, só agora me dei conta disso.
Eu ensinei meus irmãos a amarem o Pequeno Príncipe.
Ensinei o gato da minha mãe a gostar de mim.
Ensinei a pelo menos uma pessoa o valor que tenho e a falta que eu faço.
Ensinei meus irmãos de que vale a pena sonhar e que, com trabalho duro, pode-se voar alto e pra bem longe.
Ensinei a minha mãe que eu posso estar onde estiver, eu nunca vou me esquecer dos ensinamentos dela.
Eu ensinei ao meu pai a importância que ele tem na minha vida.
Eu ensinei a algumas pessoas que é possível aprender uma outra língua sozinho.
Eu ensinei a algumas crianças que não é preciso temer um marimbondo se ele está quieto no lugar dele.
Eu já ensinei a uma jovem senhora que ela pode sim ir mais longe.
Eu ensinei a dois estranhos no trem a fazer conta de divisão.
Eu já ensinei a um senhor como chegar onde ele queria.
Eu ensinei a uma professora como fazer um blog.
Já ensinei muitas coisas a muitas pessoas.
Mas a coisa mais importante que eu já ensinei na minha vida foi para mim mesma.

egoísmo # 2

O que vai acontecer dentro de alguns milhares de anos não me importa nem um pouco.
Minhas preocupações são muito  mais urgentes.

domingo, 12 de outubro de 2014

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

do fundo do baú

Encontrei este meu texto antigo, perdido por entre meus arquivos e achei tão lindo.

"Parei por alguns instantes contemplando o céu nublado de um final de tarde. Nuvens escuras cobriam toda sua vastidão. Meu coração estava envolto por sentimentos de liberdade e paz. Fiquei ali olhando para o alto, tentando ouvir a voz do meu interior. De repente um sorriso veio tirar minha concentração, e comecei a escrever assim:

Às vezes certos sentimentos gigantescos de liberdade invadem meu coração, e por um breve instante de tempo parece até que vou voar. Quando isso acontece consigo ver a grandeza real das coisas, do pôr-do-sol, de um sorriso... Até mesmo o céu nublado passa a ter um significado bonito e uma linda lição de vida. Quando minhas asas começam a querer se abrirem eu consigo enxergar que há um espetáculo estelar por trás das nuvens escuras.
            Então descubro que, como disse certo poeta, o coração do homem é infinito. Ele retém sonhos, ilusões, todos nossos sentimentos. E é engraçado pensar nisso porque são sintomas de vida; logo o coração do homem é infinito porque retém vida em si, e a vida é algo que não se pode medir.

            Consigo até ir além. Quando penso que Deus - sendo tão infinitamente grande - habita meu coração, tenho a certeza de que o poeta tinha toda razão."