terça-feira, 11 de março de 2014

releitura

for you Paul...

Todos dizem buscar o amor.

Mas quando finalmente o encontram estão tão assustados, que fogem dele.
Muitos dos que dizem querer o amor não o querem.
Querem o glamour de dizer estar amando ou sendo amado, querem o 'status quo' que o amor proporciona, querem todo o circo que o mundo contemporâneo armou dizendo ser "em nome do amor", mas o amor nunca esteve lá.

Amor não é status, amor não é glamour.
Amor não é um lugar bonito, ou palavras bonitas, ou pessoas e sorrisos bonitos.

Amor não é paz e sossego. 
Há que se lutar muito pelo amor.
E dá trabalho amar... 
E isso as pessoas não querem. As pessoas não querem ter trabalho.
Assusta amar, e as pessoas são medrosas, disfarçadas de coragem.

Sendo um fogo que arde sem se ver, as pessoas não querem se queimar, mas o amor não deixa de ser fogo.
Sendo ferida que dói e não se sente, as pessoas não querem se machucar, mas o amor não deixa de ferir.
Sendo um contentamento descontente, as pessoas não querem ficar insatisfeitas, mas o amor não deixa de ser descontentamento.

Sendo dor que desatina sem doer, as pessoas não querem sofrer, mas o amor não para de doer.

Fazendo-o estar preso por vontade, as pessoas não querem se prender...
Sendo um serviçal do vencedor, as pessoas não querem mais servir...
Sendo um assassino que mata lealmente, as pessoas não querem ser leais.
Sendo tão contraditório como é o amor, as pessoas apenas se contradizem, e assim acham que amam.

De tudo o que disse Camões sobre o amor - não que ele fosse um profeta, mas um sábio e poeta que conseguiu colocar em palavras alguns aspectos do amor - a única coisa que as pessoas conseguem é se contradizerem.

O amor é contradição, mas na contradição não existe amor. 
E é assim mesmo.

E assim, quando alguém diz que busca o amor, e não quer se queimar, não quer lutar, não quer sofrer, não quer sentir dor, não quer ser leal... elas apenas se contradizem, e enganam-se acreditando que buscam o amor, quando na verdade buscam apenas uma desculpa para seguirem com suas vidas vazias, sem se sentirem vazias por isso.


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