domingo, 18 de agosto de 2013

os românticos perecerão

Quem é o romântico?
Aquela pessoa que idealiza a vida perfeita, o mundo perfeito, pessoas e situações perfeitas.
E quem é o idealista?
Seria aquela pessoa que vive de acordo com o seu ideal?
Mas o que é um ideal?
Ideal é algo irreal, imaginário, criado a partir de nossos desejos para preencher nossas necessidades.
Esperar viver de acordo com um ideal, seja ele qual for, é tão irreal quanto esperar viver um conto de fadas.
O próprio nome diz: ideal. O ideal é irreal.
Ele é a prospecção do que seria perfeito em uma determinada situação, porém não corresponde à realidade.
O ideal nunca corresponde à realidade.
E isso porque perfeição só existe na arte.
A arte imita a vida ou a vida imita a arte?
Seria a arte uma idealização da vida ou uma representação da vida? Ou uma tentativa de modificar a realidade?
Mas existe mesmo perfeição na arte?
Como pode um ser imperfeito criar algo perfeito? É possível?
A arte sendo fruto da criação de seres humanos imperfeitos, pode conter alguma perfeição?
Até isso é uma idealização.
Seres imperfeitos são impossibilitados de criar algo perfeito, por motivos óbvios. Especialmente a arte, que sempre carrega tanto do seu criador.
Pode algo perfeito carregar alguma imperfeição?

O mais próximo que existe da perfeição que o ser humano pode experimentar chama-se amor.
E ainda não estou sendo romântica quando afirmo isso.
E mesmo sendo nós imperfeitos temos plena capacidade de amar.
E isso nos torna mais próximos da perfeição. Próximos da perfeição, mas ainda imperfeitos.
O problema talvez resida no fato de que abandonamos nossa ideologia, talvez por nos decepcionarmos tanto com ela. 
Escolhemos viver a realidade nua e crua então?
Não.
Infelizmente optamos por um caminho ainda mais peçonhento, que é o do entretenimento.
Escolhemos nos entreter ao invés de encarar a realidade.
Escolhemos nos distrair para não nos decepcionarmos com nossos ideais.
E nesse mundo onde ideais são publicamente humilhados e zombados, os românticos perecerão.

O romântico perece não somente por si mesmo, uma vez que nunca alcançará seu ideal.
Mas o romântico perece, também, porque não há espaço para ser compreendido.
O romântico perece porque a própria palavra ideal esvaziou-se de significado no mundo contemporâneo.
E não somente isso, mas a própria palavra romantismo perdeu-se entre tantos rótulos que a ela foram dados, e agora virou sinônimo de alguém que ama demais.

O romântico não somente ama demais; a ele, a vida é a própria demasia.


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