quinta-feira, 24 de julho de 2014

sutilezas...

Muitas pessoas dizem querer privacidade, mas expõem toda sua vida na internet.
Dissecam seus sentimentos aos olhos desinteressados da multidão, em troca de uma atenção que é falsa, passageira.
Fazem de tudo para estar na mídia de uns tantos que se dizem amigos, mas na maioria dos casos não estão no coração de nenhum deles.
Muitas pessoas fazem de tudo para serem famosas, nem que essa fama seja apenas entre os seus conhecidos.


Quando foi que esquecemos a maneira de nos tornarmos inesquecíveis?
Quando foi que trocamos a atitude por fotografias na internet?
Quando foi que vendemos nossa dignidade por visualizações online?

Precisamos voltar ao início de tudo, e nos lembrarmos de que para ser inesquecível é preciso ser amado.
Lembrarmos de que ser admirado não é ser adorado, mas respeitado e ouvido.
De que ser bonito não é questão de aparência, mas de decência humana.
Precisamos voltar ao início de tudo e nos lembrarmos de que a solidão faz parte do processo de amadurecimento. 
De que às vezes é necessário engolir o choro e continuar andando sozinho, sem ninguém nos vendo ou aplaudindo, e que assim se conquista algo notável: o domínio sobre si mesmo.

É preciso dominar-se a si mesmo, e não o outro.

Temos cada vez mais "amigos", e nos sentimos cada vez mais sozinhos.
Temos cada vez mais acesso ao mundo, e nos sentimos cada vez mais perdidos.
Temos cada vez mais audiência e nos sentimos cada vez mais vazios.

Algo nos está escapando nesse turbilhão de acontecimentos que a virtualidade nos proporciona.

A vida nos escapa pelos vãos dos dedos enquanto teclamos, digitamos, batemos papo online, e nos abstemos do contato físico real, do olho no olho, da respiração quente do outro, do calor humano.

O contato físico quando se tem é tão vazio que toca realmente somente a pele, e não a alma.

Quando foi que começamos a negar-nos o toque na alma?

Pior que isso, quando foi que começamos a desacreditar na alma?

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