segunda-feira, 23 de março de 2015

tpm # 2

Toda mulher sabe desse assunto e não existe nada que possa ser acrescentado sem que tenha sido dito milhares de vezes.


Mas a natureza parecer ser tão cruel às vezes, porque somente mulheres passam por esse inferno hormonal TODO santo mês. Diz a lenda que não são todas as mulheres, que existem aquelas mitológicas que não sentem nada. Eu particularmente duvido fortemente disso, porque todas as mulheres que eu conheço sofrem desse mal.
Enfim, tem gente que acredita em duendes...
Então alguém me pergunta por que raio de motivo eu escrevo a respeito desse assunto tão “batido”. Porque preciso. Porque talvez exista uma minúscula chance de eu me sentir um pouco melhor, enquanto enfrento isso mais uma vez.
Eu compreendo os homens. Quero dizer, compreendo o fato de que eles não nos compreendem, porque chega a ser inacreditável!
Eu mesma não acreditaria se não fosse comigo. O corpo fica mais preguiçoso, e cheio de “não me toques”, porque tudo dói: as pernas doem, os seios doem, as costas doem...
O humor fica insuportável, oscilando da euforia para a depressão em questão de segundos, e milhares de vezes por dia. O que nos torna seres humanos desprezíveis muitas vezes.
Mas isso sem falar nos pensamentos que passam pela nossa cabeça, e invadem nossas certezas. Ao menos as minhas.

A TPM me faz perder a objetividade, e começo a ver o mundo completamente distorcido. A TPM me faz pensar fora de foco. Eu nunca imaginaria que fosse possível pensar fora de foco, mas é, acredite-me.
Platão disse certa vez que o mundo perfeito é o das ideias. Acredito que ele só disse isso por ser homem. Se fosse mulher e tivesse fortes crises de TPM – como as minhas e de milhares de mulheres pelo mundo afora – ele jamais diria isso.
Porque a TPM me faz ver a realidade distorcida, e distorce obviamente minhas ideias, meu conceito da realidade. Então, por 10 dias no mês (isso mesmo, eu sofro!) eu perco a razão, me torno como uma louca, onde tudo o que eu vejo pode não ser o que eu vejo. Onde a realidade como eu a percebo, muito provavelmente, não é como eu a percebo.

A TPM altera minha percepção do mundo, de mim mesma, dos meus próprios sentimentos e, claro, do sentimento das outras pessoas por mim.
Torno-me paranóica, esquizofrênica, louca mesmo.
Mas no momento em que estou tomada por essa onda de hormônios, onde ajo como uma pessoa possuída, eu perco a objetividade, e por mais que eu tente me convencer de que tudo não passa da maldita TPM, 90% das vezes eu perco a razão. É como se fosse impossível e inevitável que você afunde nesse mar negro de certezas mentirosas e distorcidas.
Estou com 35 anos, eu já devia saber!!! Mas não. É como se a maldita fosse se aperfeiçoando com o tempo, é como se fosse algo vivo e inteligente, dotado da capacidade de formar estratégias de como fazer você se sentir miserável.
Ela quer destruir a sua vida. Ela quer destruir os seus relacionamentos, ela quer ver você perder o emprego, a auto estima, ela quer que você perca sua identidade. Ela quer destruir você. E ela vai fazer de tudo para que isso aconteça.

E parece que quanto mais resistimos, mais forte ela vem no próximo mês. E chega uma hora que é inevitável, ao menos é o que parece. E então falamos aquele monte de merdas, e tomamos atitudes que jamais tomaríamos em sã consciência. E no instante em que a menstruação desce, pronto. Tudo está terminado. Comigo é assim.
Aí vem o arrependimento. Aí você olha ao redor e só então consegue enxergar o massacre. Só então consegue ver a dimensão do estrago feito pelas suas próprias mãos, mas que você jamais seria capaz de fazer por si só.
Mas quem está de fora não consegue compreender. Nem eu mesma compreendo muitas vezes. Chego a me odiar. Mas não adianta. Se o ódio resolvesse o problema...
Então, o que fazer? Uma vez que essa parece ser uma guerra perdida, o que fazer? Enterrar-se? Isolar-se do resto do mundo?  Essa seria uma boa opção, mas totalmente inviável, uma vez que temos vida para cuidar. Seria ótimo se pudéssemos nos trancar num canto, longe de tudo e todos, rodeada por chocolate de todos os tipos, lenços de papel e um saco de boxe.

Mas infelizmente essa não é a realidade. Platão tem lá sua razão quando diz que o mundo perfeito é o das ideias...
Mas sejamos realistas, o que fazer para não deixar a TPM tomar o controle e destruir a sua vida?
Eu estou escrevendo esse texto, que me servirá de manual. Na verdade, deixe-me pesquisar...

É... Não encontrei nada. Sendo assim, farei aqui os meus mandamentos a serem seguidos quando eu estiver na TPM. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário