Já que não tenho como voltar no
tempo, a única saída é continuar adiante. Seguir adiante.
Prosseguir.
Não seria tão difícil, se não
fosse a tentação em olhar pra trás.
Andar olhando para trás é
perigoso, porque corremos o risco de dar com a cara num muro ou parede. E
certamente isso vai doer. Pode lhe quebrar todos os dentes.
Então, para quê ficar olhando
para o que já foi?
Bom ou ruim, não vale a pena
caminhar olhando para trás.
Porque a vida vai te levando, ela
é impiedosa. Não espera que você se despeça do que já passou. Ela pouco se
importa com o que já foi. Se lhe foi precioso, ou cruel. A vida não liga pra
nada disso.
A vida urge, e por isso ela
segue. Como um rio que não para seu curso e segue carregando tudo, assim é a
vida com nossos problemas.
Ela simplesmente segue. E se você
ficar preso ao passado vai ser levado pela vida.
E é bem melhor viver a vida, do
que simplesmente ser levado por ela.
Porque a vida continua de
qualquer jeito. Com ou sem você!
Já parou para pensar nisso? Sua
vida continua, com ou sem você.
Ficar olhando o que já passou não
vai alterar uma vírgula do que foi. Não vai acrescentar um segundo sequer, ou
apagar absolutamente nada do que foi.
Então, siga adiante!
Ficar se auto depreciando, se
auto flagelando, se culpando o tempo todo também não ajuda em nada. Siga!
Seguir adiante significa levantar
a cabeça e continuar a vida. Continuar a viver. Temos a tendência de nos
prender mais aos erros do passado do que aos acertos e boas recordações.
Errou? Admita o erro. Afinal de
contas, errar faz parte do aprendizado. Raras são as pessoas (se é que existem)
que aprenderam a andar sem nunca ter caído. E o fato de ter aprendido a andar
não lhe garante em nada nunca mais cair. Cair também faz parte, tanto do
aprendizado quanto do ato de caminhar, de seguir.
Mesmo quem está parado corre o
risco de cair, quem dirá quem está caminhando!
Então, melhor caminhar do que
ficar parado. Ficar parado só vai acumular poeira e lodo sobre você. Então,
caminhe!
Caiu? Agora, levante-se e siga
adiante.
Obviamente cair machuca, dói, às
vezes nos faz ralar joelhos e cotovelos. Cair também pode nos levar a perder
alguns dentes. Cair pode nos fazer quebrar ossos. Mas tudo isso se cura com o
tempo e o tratamento adequado. A dor passa. Uma hora para de doer. Nada dói pra
sempre. Nenhuma dor é para sempre. Sinta a dor, pois ela é sua. E levante-se, e
siga adiante!
Aprenda com o seu erro. Se não,
ter errado não vai ter servido de nada. O erro só serve para alguma coisa se
aprendemos algo de útil com ele. Errar por errar não significa nada. A menos
que você consiga tirar algo disso, algo a seu favor, nem que seja não cometer o
mesmo erro novamente. Já é um grande aprendizado.
Dizem que o homem é o único
animal que consegue tropeçar duas vezes na mesma pedra. Tudo bem! Às vezes
erramos de novo, cometemos o mesmo erro, e isso, ainda assim não é motivo para
se martirizar. Siga!
Erga a cabeça e siga em frente!
Não estou dizendo que devemos nos
orgulhar de nossos erros, mas também eles não são motivos para que nos
envergonhemos a ponto de caminhar de cabeça baixa. Caminhar de cabeça baixa é
igualmente perigoso. Porque você não enxerga o que vem adiante, não vê o que o
caminho lhe reserva. E assim, pode dar com a cara em algum obstáculo, tropeçar
e cair. Andar de cabeça baixa pode lhe fazer perder oportunidades, simplesmente
porque não estava olhando adiante.
Então não basta apenas seguir
adiante, é necessário olhar adiante. Olhar por cima dos problemas, dos erros,
dos defeitos, das dores, das angústias, das amarguras... Porque tudo isso, a
vida leva embora. Mais cedo ou mais tarde isso tudo passa. Então preciso manter
meu olhar fixo no horizonte, pois de lá vêm as oportunidades, de lá vêm as
respostas, de lá vêm a esperança e a força de continuar caminhando.
Todo mundo tropeça uma vez ou
outra na caminhada, mas isso não pode ser motivo para se ter medo de caminhar.
Todo mundo erra. O que foi que Jesus disse para aqueles que queriam apedrejar
aquela mulher que tinha traído o marido? “Atire a primeira pedra quem não tiver
pecado”.
E tem outra. O erro nos faz
perceber que somos humanos. E como humanos, somos passíveis de erros. E quando
percebemos isso, o natural é que sejamos mais misericordiosos com as outras
pessoas. Carregamos menos pedras para atirar nas outras pessoas, e ficamos mais
leves. Nos sobra espaço nas mãos para estender em ajuda, para levantar, apoiar,
colher... Ao invés de julgar nós ajudamos. E isso faz aquilo que é humano em
nós valer a pena.
Sendo assim, não é só necessário
seguir adiante, e olhar adiante.
É necessário também caminhar de mãos vazias.
Porque se estiver de mãos vazias fica mais fácil se escorar, segurar e buscar por um apoio no caso de tropeçar. Se
tiver as mãos cheias de pedras, ou memórias que possa carregar, como vai
segurar? De qualquer maneira as coisas de sua mão vão todas cair no chão, e
pior, podem todas cair sobre seus pés. E quanto maior o peso que tiver nas
mãos, mais vai te machucar. Sem contar que carregar pesos vai fazer seus passos
mais lentos na caminhada. E aquilo que já é enfadonho, ficará ainda pior,
porque vai demorar mais para passar. Imagina cruzar uma enorme poça de lama,
lentamente. Quando estamos em uma poça de lama queremos nos livrar dela o mais
rápido possível! Mas se estamos carregados, cheios de pesos, teremos de ir lentamente.
Então, liberte-se! Tenha suas
mãos livres!
Seja livre para escolher o ritmo
dos seus passos.
Lentos ou ágeis... O importante é ser livre para escolher
quando quer correr, quando quer parar e admirar a paisagem. E só podemos ser
livres para escolher quando temos nossas mãos vazias das pedras que insistimos
em carregar. E essas pedras podem ser qualquer coisa: pedras da rejeição, do
remorso, pedras de julgamento e crítica a outras pessoas, pedras do medo, do
ócio, da soberba. Jogue todas as pedras fora, deite-as pelo caminho, e seja
livre. Certamente que não chegará de mãos vazias no seu objetivo, porque terá
colhido flores pelo caminho. Mas só lhe será possível colher flores se antes
tiver se livrado de todas as pedras.
Seguir adiante, olhar o horizonte
com mãos vazias e livre para escolher e colher. É o que eu desejo para minha
vida.