Eu estava
ali sentado.
E sentado
ali estava eu.
Olhava para
o espelho e me perguntava:
“Quem é essa
pessoa estranha que me olha profundo nos olhos?”
E não tive
resposta alguma.
Engraçado
como quanto o mais o tempo passa, menos sei de mim mesmo.
E cada vez
menos me reconheço no espelho.
Não sei se
gosto do que vejo.
Não sei se
vejo o que gosto, ou o que gostaria.
Gostaria se
não fosse, e seria se não gostasse?
Não sei. Sei
somente que esse estranho agora toma a minha cara.
E minhas
ações ele rege, como a uma orquestra, lindamente.
E pasmo,
parado, fico eu a observar calado
A cada
gesto, a cada passo... cada sorriso e cada lágrima
Deixados
caídos, aos cacos, pelo caminho solitário.
É solitário
existir.
Às vezes é
muito solitário ser.
Mas, sendo,
e só assim, posso acordar de mim mesmo.
Abrir os
olhos para o mundo e enxergar outras pessoas
Outros
espelhos, outras máscaras, outras caras, outros gestos
Novas
sinfonias, e regentes, e atitudes e enigmas.
O espelho?
Continua ali
na minha frente. Parado. Estático. Empoeirando bem diante dos meus olhos.
Gastando
pelo mero passar do tempo.
Ao simples
tic-tac do relógio ele vai, lentamente, sendo...
E eu, mais
lentamente ainda, vou, lindamente, deixando de existir...
E cada vez
mais vou me tornando aquilo que eu um dia serei.
O quê? Talvez nunca saberei.
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