segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

once again...

Ano novo...
de novo...
Tudo de novo...
no sentido de ser novamente...
nao de ser novidade...
 
 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

diariamente


Já que o mundo não acabou... estamos chegando de qualquer modo ao fim. Ao final de mais um ano, ao final de mais um ciclo, mais uma volta da Terra em torno do sol.
E se o mundo não acabar vamos Celebrar o final ou o início de mais um ano.

Para alguns o final de 2012 é almejado, pois tantas foram as dificuldades que há a necessidade dessa esperança de renovo para o próximo ano.
Para outros o final marca o fim de tantas coisas, despedidas, conquistas, pessoas queridas, indas e vindas.
De qualquer forma, como disse o poeta, essa coisa de fatiar o tempo é esquisita, mas necessária.

Recobramos o fôlego e nos atiramos para mais algumas braçadas nesse mar de incertezas que é a vida.
Lindas cenas vemos quando mergulhamos... às vezes ficar na superfície só nos faz temer as ondas. Então o negócio é mergulhar.
Subir, recobrar o fôlego, e mergulhar de novo... E como dizia o outro poeta, a vida vem em ondas como o mar...

E graças a Deus por tudo: pelo mar, pelas ondas, pelo ar, pelo fôlego, pelos braços e pernas, pela força de nadar, e pelas belezas incontáveis que encontramos no meio da jornada.
Graças a Deus que em momentos quando pensamos não vamos conseguir, uma tábua de salvação nos surge do nada, nos dando alívio aos braços cansados.
Graças a Deus pela coragem diária, necessária para prosseguir.
Graças a Deus pelo farol em momentos de solidão... na calada da noite... onde tudo fica mais assustador.
Graças a Deus pelas estrelas guias... Pelas vozes amigas, pelas  vozes rudes e críticas, pelas águas mornas e geladas.
Graças a Deus porque existe uma praia a se chegar, existe um objetivo a se atingir, existe alguém a nos esperar lá.
Graças a Deus...

Meu único desejo a você é esse milagre diário, essa pílula de ânimo diária que Deus nos envia do céu para alcançarmos o objetivo. 
Que ela nunca lhe falte, e não faltará.
Que você nunca deixe de a desejar.
Que você nunca a esqueça de tomar.
Pois certamente ela estará lá, dia após dia.
É certo que há dias que nos esquecemos de tomar o remédio, ou perdemos a hora... nos atrasamos.
É certo que há dias em que perdemos o comprimido, perdemos a dose.
É certo que há dias que por não ter certeza, tomamos o remédio duas vezes.
E tudo isso porque somos somente seres humanos, necessitados, limitados...
E graças a Deus também por isso.

Para 2013, te desejo a dose diária de Deus em sua vida.

Não peço a Deus um mar sem ondas...
Não peço a Deus um barco rápido...
Peço a Deus a dose diária dEle em nossas vidas, porque esse mar teremos que nadar até chegar à praia.
Peço a Deus que você chegue na sua praia.
Enquanto não chega, aprecie a paisagem quando der, mergulhe quando necessário e mesmo lá embaixo, abra os olhos.
Veja as belezas incomparáveis! Porque elas estão lá.
Existe muita vida no fundo do mar =]
muitas felicidades
Jesus é contigo sempre!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

santa claus is coming to town...

Eu nunca acreditei em Papa Noel.
Ou coelho da Páscoa ou fada do dente.
Na 3ª série (na minha época era assim que se chamava), eu odiava os textos infantis.
Eu tinha 8 anos e já lia Agatha Christie! Como poderia achar "Tato: o pintor de palhaços" interessante?
Adorava filmes de terror, e contos de horror.
Eu sempre torcia para os vilões vencerem no final.
De algum modo, o bem não me atraía. O bonzinho era sempre um idiota que de repente, sem mérito algum, mas apenas porque recebia algum "dom" (super poder) vencia no final.
Diferente dos vilões. Estes tinham que maquinar, e tecer tramas, e inventar artimanhas para atingir o objetivo. 
Até os vilões de antigamente eram mais espertos e inteligentes. E inteligência sempre foi algo muito atraente para mim.
E uma característica com a qual eu me identificava com os vilões: em muitos dos casos, o vilão era apenas mau compreendido. Tinha algum trauma não resolvido, que o motivou a agir com maldade. Sofreu e foi muito machucado no passado, e agora queria destilar sua amargura na humanidade, punindo todos que passassem no seu caminho.
Eu tinha sofrido. Aliás, quando eu tinha 8 anos eu sofria. Sofria bullying, discriminação porque era pobre. Discriminação porque era mais inteligente que os demais. Discriminação porque gostava de terror, e não de pôneis cor de rosa. Não que eu não gostasse dos pôneis cor de rosa. Mas eu gostava muito mais dos contos de terror. Eu era diferente e por isso eu sofria. 
Eu era inadequada.
Eu ainda sou inadequada. Graças a Deus eu sou absurdamente inadequada para este mundo.

Mas um dia ouvi dizer de alguém... Que sofreu porque era diferente.
Que sofreu porque era pobre.
Que sofreu porque era mais inteligente do que muitos.
Sofreu porque não aceitava as coisas como elas eram e quis mudar.
Ele veio pra mudar.

Ele que começou tão frágil naquela manjedoura...
Ele que parecia derrotado naquela cruz.

Pela primeira vez na vida eu vi o Bem como realmente deve ser.
O Bem não é burro como os filmes mostram.
O Bem não é idiota como vemos na TV.
O Bem não é ridículo, cheio de laços cor de rosa, e mimado com todo o tipo de luxo.
Não.
O Bem é inteligente.
Pela primeira vez na vida senti-me atraída pelo Bem, porque conheci o Bem que é mais inteligente do que os outros.
Não é acomodado.
Não tem super poderes.
Sendo Deus escolheu ser homem como todos nós... sem poder algum.
Podia ter aniquilado os seus acusadores quando estava lá naquela cruz, mas escolheu ir até o fim, como todo mundo: até a morte.
Podia ter se materializado grande na Terra, assim convenceria a todos de que era realmente Deus, mas escolheu ser um de nós e ganhar a nossa confiança através da identificação.
Ninguém pode ser um super herói.
Não dá pra salvar o mundo usando minha força extrema, ou sabendo voar, ou tendo mil e uma geringonças capazes de deter atos de maldade, ou pessoas malvadas.
Eu sou apenas um ser humano.
E Ele veio pra dizer que, sendo apenas um ser humano, somos capazes de deter o mal.
Não precisamos de super poderes...
Não precisamos ser idiotas...
Não precisamos ser burros...
Precisamos apenas aprender dele, com ele... E com a força que há nas palavras dele, somos capazes de deter o mal.
Dá pra salvar o mundo?
Óbvio que não!
Isso é um trabalho pra Ele.
Ele está salvando o mundo... Uma pessoa de cada vez.
Todos aqueles que aceitam achegar-se a Ele, Ele salva.

Ele me salvou. Me salvou de minhas amarguras, do meu medo, da minha tristeza, das incertezas da vida.
Dia após dia Ele me salva.
E como Ele é inteligente!
Quero aprender com Ele a ser mais e mais inteligente. 
Quero dele a força para derrotar o mal diário.
Porque Ele ensinou que não adianta andar ansioso pela vida, preocupado com o dia de amanhã que pode nem chegar.
Ele ensinou que basta a cada dia o seu mal.
E eu quero vencer esse mal de cada dia.

E é por isso que independente de não ser essa a data exata de seu nascimento, independente do mundo capitalista que vivemos estar querendo me consumir, me seduzindo dia a dia a ser apenas mais uma na multidão de imbecis levados pelo engodo desse mundo, é por isso que eu celebro o Natal.

Não só no dia 25 de dezembro. Eu celebro o Natal a cada dia.
Porque preciso vencer o mal a cada dia.
Sem super poderes, sem artimanhas, sem geringonças.

Houve um tempo, eu cheguei a pegar um pouquinho disso, onde o mundo ainda se lembrava do porque celebrava o Natal.
Hoje em dia... Pode até haver luzes nas casas, mas e nos corações?
A chama de muitos há muito se apagou.
Esqueceram-se do motivo por trás do Natal.
Foram vencidas pelo mal deste mundo.
E a menos que voltem-se para aquele que veio para salvar o mundo, viverão vencidas e escravas do mal.

E é por isso que escrevo hoje esse post.
Para que se você é uma dessas pessoas cuja chama está apaga ou apagando, você possa se lembrar que o Natal existe. E é todos os dias no coração daquele que luta diariamente para vencer o mal.

Porque o Bem existe. E já venceu o mal. E porque Ele venceu o mal, podemos resistir e não sucumbir ao mal que alastrou-se pelo mundo.
Acredito que em breve o Natal não passará de mais uma data comercial, como qualquer outra. Se é que já não aconteceu...

Deixa ele, então, acender a chama no seu coração.
Ele não é mais aquele menino na manjedoura.
Ele não é mais aquele morto naquela cruz.
Ele é quem nos dá a força diária, o "super" poder de vencer o mal a cada dia.

sábado, 22 de dezembro de 2012

upside down

Eu tô tão de saco cheio do politicamente correto!
De saco cheio da falsa moral
Cansada da hipocrisia
Estou farta de tanta mentira.
Estamos vivendo no mundo do faz de conta: 
"Eu finjo que é verdade, e você finge que acredita"
Que mundo é este onde você querer estar perto de quem ama é errado?

Que droga de mundo é esse onde - para relacionar-se com alguém - você precisa manter distância?
Será que eu estou louca, ou o mundo que enlouqueceu?

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

prólogo


Passava das 8 da noite. Tinha chovido bastante durante a tarde, e a noite de quase verão estava incrivelmente agradável. Mas ela estava jogada no sofá, como um trapo velho jogado num canto qualquer no chão.
Lembrou-se de que não havia comido nada durante aquele dia. Ela simplesmente se esquecia de se alimentar. Comia por obrigação. Não era anorexa, apenas esquecia de comer de vez em quando. Acontece com todo mundo, pensou.

Vasculhou a gaveta abarrotada de tralhas e muitos remédios. Buscava por algo que a fizesse dormir. Precisava - com frequência - de algo que a fizesse dormir. Tinha sido assim pelos últimos 19 meses.
Emily apoiou a cabeça com uma das mãos, joelhos encolhidos em sinal de reclusão, e ali ficou pelas próximas horas. Estava determinada a esperar pelo remédio fazer efeito.
O que ela mais gostava a respeito desses remédios calmantes era o fato de que eles anulavam seus pensamentos. Ela pensava tanto em tudo o tempo todo que se sentia exausta. Por isso não conseguia nem mesmo lembrar-se de comer. Às vezes se esquecia de tomar banho. Estava sempre se esquecendo de alguma coisa.

Mas nada que ela pudesse esquecer era pior do que o que estava acontecendo dentro dela. Ela estava se esquecendo de quem era. E o remédio só ajudava nesse processo.
Ela sabia disso. Há 10 anos estava dia após dia se esquecendo de quem era. Muitas vezes pensava que nem teve a oportunidade de saber quem era e já estava se esquecendo de si. Mas esse pensamento não a incomodava mais.
Talvez fosse o melhor. Talvez a melhor coisa que podia acontecer a ela era se esquecer completamente de quem nunca foi, de quem nunca chegou a ser, de quem um dia gostaria de ter sido, ou mesmo se esquecer de quem jamais poderia ser. Talvez assim tivesse a chance de sua vida de começar tudo de novo. Tudo o que ela queria era uma chance de ser, pois ser era a única coisa que ela tinha a seu favor. Ela era. Ela existia, isso era um fato. Ao menos por enquanto ela era alguém. Quem? Bem, isso ela não fazia muita questão de saber por enquanto. Queria apenas sentir-se alguém no mundo, no mundo de alguém, e de ter alguém em seu mundo.

Ela se sentia tão vazia. Nunca se sentira melhor em toda a sua vida. Tinha sempre um turbilhão de coisas passando pela sua cabeça, pelo seu coração. Era sempre inundada por esse tsunami de emoções. E ela odiava isso mais do que a si mesma. Ah sim. Emily se odiava algumas vezes.  Mas o que ela mais odiava era o fato de ter tantas coisas absurdas acontecendo ao mesmo tempo dentro de si, com as quais ela não podia lidar.

Deu uma última olhada para o relógio. 22:42. O natal estava chegando, mas muitos acreditavam que o mundo acabaria antes, no dia 21. Ela estava vivendo as horas finais do dia 19 de dezembro de 2012. Mas mal sabia ela que sua vida estava prestes a tomar um rumo completamente diferente daquele com o qual ela estava esperançosa, ou com o qual tinha planejado.

É mágico esse momento em que as pessoas não fazem a menor ideia de que suas vidas estão prestes a mudar. Elas ficam tão inocentes diante do inesperado, do desconhecido, do inevitável. Às vezes parece até injusto que isso aconteça. Mas a vida é assim. De uma hora pra outra tudo pode mudar na sua vida como em um passe de mágica. E não há nada que você possa fazer, absolutamente nada.

E lá estava Emily totalmente vulnerável ao futuro que lhe esperava. Tão inocente. Tão despreocupada. Tão sonolenta devido ao remédio que tomara 2 horas antes. Com a mente completamente vazia, ela deixava-se levar pelas horas, minutos, segundos... em direção ao seu futuro.

E não é assim que deveria ser com todo mundo?

domingo, 16 de dezembro de 2012

débil

Não pense que porque estou abrindo o meu coração é o mesmo que revelar minhas fraquezas. E não são as minhas dúvidas, angústias e indecisões as causadoras de minha fragilidade.

Minha força reside no fato de eu saber exatamente o que não quero.

crescer

Já sou madura o suficiente para não exigir o que eu quero. Ainda porque o meu querer está muito além das minhas necessidades.

A questão é: será que você está pronto para me oferecer o que eu preciso?

tpm # 1

É por isso que precisamos de mais de uma amiga. Porque quando uma está indisponível ou na TPM, nós termos outras com quem contar. E também que é pra quando nós estamos na TPM, elas poderem decidir no palitinho quem vai nos aturar naquele mês.

contagem...


E quando eu vi, estava no ônibus errado, entrei pela porta errada, saí pelo lado errado... quantos erros seguidos um ser humano é capaz de cometer?


sábado, 15 de dezembro de 2012

como é que é?

Me diga então, como é que se deve viver?

cinza


E eu aqui parado em minhas vestes pretas
e as negras nuvens que no céu surgiam
fazem o sol parecer um mito
uma lenda de um país muito distante.
Busco um disfarce pra esconder meu pranto,
na negra noite que se atira ao longe
mas a vaidade que mascara a alma
rouba-me de mim por um único instante.
É quando eu posso perceber que quem morreu fui eu
e enterrado vou nas memórias ofuscadas,
embalado pelas cinzas, madrugadas
e o meu corpo desvanece lentamente...
Apagado todo o rastro de mim mesmo
e o corpo mesmo morto ainda sente;
como pode se em vida não sentia?
Pra provar somente a ironia,
dura a vida, doce morte simplesmente.
E se o rio derramado foi o pranto,
o martírio, o perdão, o triste canto
choram as águas dessa vida derradeira
de uma vida, se vivida, que vivera

frustrating


Frustrações são pedras onde, vez ou outra, podemos tropeçar. Elas estão aí pelo caminho. Cabe a nós saber caminhar, mesmo se tropeçarmos nelas.

coincidência


Por mais longe que você esteja indo, sempre irá cruzar com alguém indo para o mesmo lugar. 

Ou ainda mais longe.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

passagem


Deve-se passar junto com o tempo. E com isso, conforme as horas, que passam e avançam e cumprem sua função de limitar e organizar um período de tempo que jamais volta, você passando com as horas cumprirá sua função na vida e no mundo.
Teoricamente se progride com o passar do tempo. Mas isso depende do que se entende por progresso.
E tem outra coisa: suponhamos que você esteja vivendo um momento ruim. Se você não tem perspectiva de que o tempo vai passar, e todo mundo sabe que o tempo é capaz de curar tudo e resolver muitos problemas, você é capaz de enlouquecer, ou se trancar tão fundo numa escravidão de si mesmo que ... Enfim... É necessário que o tempo passe...

Sim, não só é necessário como inevitável. 
Graças a Deus.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

e ter n idade

Nem todo o tempo do mundo será suficiente para eu descobrir quem sou.

Talvez a eternidade...

join me!


Drama, drama, drama...
O ser humano é tão limitado e tão confuso!
Complica tudo!!!
O que é simples, se complica.
E o complicado, se multiplica!
Ah, seres humanos!
Tão presos ao passar das horas!
Tão presos estão que são capazes de cobrir-se de veludo e suor, de prata e ........ só pra resistir às horas.
Não se pode combater o tempo. Não se deve lutar contra ele.
Deve-se, ao contrário, entregar-se a ele.
Só assim se compreende...
Se é que um dia vão entender.
Não se pode brigar com o que é infinitamente maior do que você.
Se bem que o tempo foi criado somente para nós, humanos.
Sem ele, ficaríamos perdidos, sem saber o que fazer... Sem saber como crescer, quando caminhar.
Façamos um trato: assinemos juntos, todos juntos, um tratado de rendição.
E rendamo-nos ao tempo, gentil e sutilmente... sem nada mais querer saber.
Mas... hei! Não conte aos outros o que fazemos.
Gritar aos berros não os fará acreditar.
Mas, se vivendo como se o tempo não fosse passar, conseguirmos simplesmente viver
simples e descomplicadamente a nossa vida,
certamente que os outros todos - quantos forem os outros -
irão nos olhar.
E perguntarão uns aos outros a nos contemplar:
“Em que momento para eles  o tempo deixou  de passar?”

tic tac


Eu estava ali sentado.
E sentado ali estava eu.
Olhava para o espelho e me perguntava:
“Quem é essa pessoa estranha que me olha profundo nos olhos?”
E não tive resposta alguma.
Engraçado como quanto o mais o tempo passa, menos sei de mim mesmo.
E cada vez menos me reconheço no espelho.
Não sei se gosto do que vejo.
Não sei se vejo o que gosto, ou o que gostaria.
Gostaria se não fosse, e seria se não gostasse?
Não sei. Sei somente que esse estranho agora toma a minha cara.
E minhas ações ele rege, como a uma orquestra, lindamente.
E pasmo, parado, fico eu a observar calado
A cada gesto, a cada passo... cada sorriso e cada lágrima
Deixados caídos, aos cacos, pelo caminho solitário.
É solitário existir.
Às vezes é muito solitário ser.
Mas, sendo, e só assim, posso acordar de mim mesmo.
Abrir os olhos para o mundo e enxergar outras pessoas
Outros espelhos, outras máscaras, outras caras, outros gestos
Novas sinfonias, e regentes, e atitudes e enigmas.
O espelho?
Continua ali na minha frente. Parado. Estático. Empoeirando bem diante dos meus olhos.
Gastando pelo mero passar do tempo.
Ao simples tic-tac do relógio ele vai, lentamente, sendo...
E eu, mais lentamente ainda, vou, lindamente, deixando de existir...
E cada vez mais vou me tornando aquilo que eu um dia serei.
O quê? Talvez nunca saberei.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

on monday

Odeio as segundas-feiras por motivos óbvios, como todo mundo.
Mas gosto da segunda-feira à tarde, quando estou em um ponto de ônibus qualquer, de uma avenida qualquer da cidade de São Paulo, olhando o movimento dos carros. 

Isso me faz pensar em nada.
E eu aprendi a apreciar momentos em que não penso em nada.


sábado, 8 de dezembro de 2012

demora

Às vezes o tempo passa tão devagar. 
É exagero quando pensamos que o tempo voa, que o tempo passa rápido demais.
Quando estamos com dor, o tempo se arrasta. 
Ou quando estamos sozinhos
Ou quando estamos com medo...
Quando esperamos algo ou alguém
Quando a resposta ainda não veio
Quando a decisão está para ser tomada
Quando o jogo está para virar
Quando estamos prestes a ganhar
Quanto o dinheiro acaba
Quando a saúde acaba
Quando a amizade acaba
Quando o amor acaba
Quando as coisas acabam, o tempo sempre passa devagar.
E também quando olhamos o relógio
Quando fixamos os olhos nos ponteiros
Quando suspiramos em desespero
Quando o frio invade e congela até a alma
Toda vez que a gente chora...
O tempo sempre passa devagar
E quando vai sair o resultado
Ou quando não se tem mais ninguém ao lado
Quando se está preso no trânsito
Quando te viram as costas
Toda vez que nos abandonam
O tempo passa sim bem devagar
E quando não temos notícias
E quando estamos preocupados
Quando estamos soterrados
Quando temos falta de ar
Quando nos falta também a força
Quando se carrega muito peso

Quando se anda muito longe
Quando se está perdido
Quando o telefone não toca
Ou quando só fica chamando
Quando queremos muito
Ou quando deixamos de querer
Quando temos um pesadelo
Quando o sonho se torna ruim
Quando as coisas desmoronam
Quando perdemos a voz
Quando estamos ansiosos
Quando o martelo bate no dedo
Quando está cicatrizando
Quando está fazendo efeito
O tempo sempre passa devagar
Quando o dia está nublado
Quando está na praia e chovendo
Quando não se encontra o que procura
Quando não se procura o que encontra
Quando há o desencontro
Quando chega o mal entendido
Quando não se compreende
Quando falta alguma coisa
Quando se pisa em um prego
Quando se tem um desconforto
Ou quando se está morrendo
O tempo passa devagar.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

nádegas


Estou tão cansada de ver bundas por onde quer que eu passe.
Até parece que é só isso que existe no mundo: uma bunda nua balançando pedindo: "pelo amor de Deus me coma". 
E com isso deixando homens com água na boca e eu com cara de bunda.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

obviedades - 3

Tem horas que o mundo parece... ou é - tão pequeno
que chega a dar um desespero por não ter para onde ir

domingo, 2 de dezembro de 2012

no ar



eu quero explodir

mas não quero sumir

quero ficar no ar

como um doce perfume de primavera

quero ficar no ar

como cheiro de chuva em dia quente

quero ficar no ar, 

pelo ar

simplesmente voar


e nunca mais me dissipar



sábado, 1 de dezembro de 2012

terça-feira, 27 de novembro de 2012

diálogo do gato



O gato veio falar comigo
Não com palavras, como nós humanos fazemos
Ele veio daquele jeito de gato... ronronando, arranhando, esfregando
nas pernas e pés, olhando com olho apertado falando

O gato veio falando comigo
Não com ideias, como nós humanos teimamos
Ele veio acariciando, gemendo, tocando, lambendo...
Veio mordendo, unhando, sentindo e pisando

O gato me disse coisas muito importantes
Não todas sérias, como nós humanos queremos
Ele veio ensinando, rondando, pedindo, exigindo carinho
Veio miando, chorando, chiando baixinho

O gato me deu presentes inesperados
Não custando caro, como nós humanos prezamos
Veio de mansinho, de tarde, de noite, de dia
Chegando, entrando, esgueirando, sorrindo

O gato pediu uma coisa em troca
Não condicionando, como nós humanos sentimos
Veio delicado, olhando, esperando, deitando
Jogando com o corpo, com o andar, com orelhas virando

O gato despediu-se como quem não vai embora
Não com adeus, como nós humanos choramos
Mas de mansinho, elegante, trotante, só indo
Balançando o rabo, pata ante pata, simplesmente se exibindo

something



Eu quero alguma coisa que me faça ser
Eu quero alguma coisa que me faça ver
Eu quero alguma coisa que me faça crer
Apenas uma coisa que me faça querer viver

Eu quero alguma coisa que me faça ter
Eu quero alguma coisa para oferecer
Eu quero alguma coisa que permita crescer
Apenas uma coisa que me faça entender

Eu quero tudo o que me faça feliz
Eu quero tudo o que me faça sentir
Eu quero aquilo que não faça ferir
Eu quero tudo o que me faça sorrir
Eu quero tudo o que me faça pular
Eu quero tudo que me tire do ar,

Alguma coisa que me faça acordar...
Alguma coisa que me faça respirar...
Alguma coisa que me faça sonhar
Alguma coisa que me faça sair do ar

Alguma coisa que me traga amor
Alguma coisa que elimine a dor
Algo que haja no meu interior
Alguma coisa que devolva a cor
Alguma coisa que dê o sabor
Algo além de mero expectador

Eu quero alguma coisa que me faça ter
A alegria que só a vida pode oferecer


Eu quero tudo o que me faça feliz
Eu quero tudo o que me faça sentir
Mas quero tudo que me faça sentir sem ferir...
Eu quero tudo o que me faça sorrir
Eu quero tudo o que me faça pular e não dormir
Eu quero tudo que me tire do ar,
Me faça acordar...
Me faça respirar...

... daí então eu percebi que estava na chuva, mas fugindo dela. 

Não havia propósito naquilo, especialmente porque a chuva me fazia tão bem.
Então decidi parar de correr, e simplesmente me deixar ficar ali parada, na chuva.

E é muito melhor quando é a chuva quem borra toda a sua maquiagem...