Houve um tempo em que eu queria ser a mudança no mundo, ser
diferente, a cara da revolução.
Eu vivia uma vida esperando por essa guerra que iria me
libertar de mim mesma, do meu egocentrismo para viver em função de uma causa ou
salvar pessoas.
Eu já quis mudar o mundo. Eu acreditava que seria possível
mudar o rumo da história, acreditava que alguém como eu fosse capaz de fazer
algo tão significativo que mudaria essa situação calamitosa e miserável em que
vivemos.
Eu já acreditei que seria capaz de fazer a revolução, sem ao
menos saber o que é revolução.
Eu dei muito murro em ponto de faca. Eu soquei muita parede.
Eu briguei com gente que era maior do que eu, e por isso eu pensei estar
enfrentando grandes, quando eu apenas não sabia que eles eram ridiculamente
pequenos e irrelevantes, e eu praticamente invisível. Eu, totalmente
insignificante, lutando contra pessoas irrelevantes, mas na minha cabeça eu
fazia uma verdadeira guerra em prol da mudança.
A realidade me trouxe de volta aos eixos quando eu
finalmente percebi que por mais que eu brigasse, por mais que falasse, por mais
que lutasse, nada mudava. As coisas sempre continuavam iguais, independente de
minhas atitudes.
Foi aí que eu percebi que não havia uma guerra, a não ser na
minha cabeça. Aqueles que lutavam a meu lado foram, um a um, se rendendo a
mediocridade de suas próprias existências, e de repente me vi sozinha no fronte
de batalha.
Uma pessoa sozinha não faz uma guerra.
Depois de certo tempo, exausta pela luta, quase
enlouquecendo tentando compreender a guerra que só existia dentro de mim, eu
resolvi me render.
Mas não me rendi.
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