De que são constituídas as memórias?
O que é que torna um momento, ou pessoa, ou objeto ou lugar
tão precioso que aquilo se imprime na nossa mente e coração de modo que começa
a faz parte de nós?
Como esse processo de fundição acontece?
Mais intrigante é que a gente nunca sabe que aquele instante
tão pequeno na imensidão espaço tempo vai se tornar algo tão magnânimo e digno
de nosso carinho e atenção pra sempre.
Acho curioso pensar que as memórias estão não somente na nossa
mente, mas que conseguem transcender e se tornarem físicas de alguma maneira,
ao passo que se imprimem em um objeto, um pedaço de papel, um cheiro, uma
paisagem.
E é vivendo que formamos memórias, que construímos momentos
dignos de serem eternizados.
Quando alguém morre, essa pessoa não pode mais participar de
nossos momentos, ela vive apenas na nossa memória. Não tem como criar novas
lembranças de alguém que já morreu. Esse pensamento é tão triste. Você vai
fazer aniversários, e aquela pessoa não estará lá presente, não vai aparecer
nas fotos, sua voz não será ouvida no parabéns, seu cheiro, seu calor, nada
disso fará parte de suas memórias, nunca mais. Em um certo ponto da vida, como
uma pintura antiga, as memórias daquela pessoa vão se apagando, perdendo o
brilho, desvanecendo pelo tempo e a distância.
A memória também se apaga...
A memória também desvanece,
ficando apenas aquele vazio e a certeza de que antes tinha algo precioso ali,
que agora já não existe mais.
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