Não lido com dados exatos.
Eu lido com abstração, com sentimento, com ideias.
E isso me faz feliz.
A exatidão das coisas me entedia.
Coisas exatas me entendiam.
Amo o louco, o sem razão, o sem nenhum sentido.
Talvez porque eu passe a maior parte do tempo tentando
entender e explicar a mim mesma e tudo ao meu redor.
E como sempre me frustro nessa tarefa, a arte me completa,
porque consegue abordar tudo o que não faz sentido e ainda assim me deixar em
paz com isso.
Essa desordem que a arte carrega, esse caos intrínseco, toda
essa urgência, e a revolução inerente...
Os questionamentos que levanta, as perguntas que deixa sem
resposta...
Tudo isso me fascina.
A arte não entrega nada de bandeja. Amo essa sugestão que a
arte faz sem impor nada. Esse respeito que tem pelo seu criador, o humano.
Amo o oferecer sem obrigar
Amo o convite que a arte faz a cada ser humano, e a total
liberdade em recusar que juntamente com o convite vem.
Sinceramente, eu morreria de tédio se vivesse às custas de
um mundo que faz sentido, cuja exatidão apavora.
Alguns podem dizer que é uma fuga da realidade.
Pois digam o que quiser, a arte lhes permite isso.
Mas para mim não é fuga nem escape. É espelho, é lente de
aumento.
É a verdade nua e crua, escancarada diante dos meus olhos,
mas não com exatidão, porque não é assim que a realidade é. Ao menos não creio
que seja. Pois quem garante que a realidade é a mesma para todos?
Para mim é diálogo, é debate.
Para mim é saída...
Arte pra mim é liberdade. São as asas que me faltavam.